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Salgado da Figueira da Foz


Nome: Salgado da Figueira da Foz

Localização

O Salgado da Figueira da Foz (Latitude: 40º 8’ 48 ‘’, Longitude: 8º 51’ 24’’ ) contém o sector distal do Estuário do Mondego como unidade geográfica central, na qual se destaca a Ilha da Morraceira e que abrange as freguesias de S. Pedro, Vila Verde e Lavos.

Descrição
A Ilha da Morraceira (de morraça – Spartina marítima), localiza-se na foz do Rio Mondego. Este estuário tem uma área de 3,4Km2, uma profundidade média de cerca de 2 metros e uma profundidade típica de cerca de 4 metros, nas zonas subtidais – fora da influência das marés. Nesta zona o rio divide-se em dois braços, rodeando a ilha de aluvião. Estes dois braços (norte e sul) juntam-se novamente a cerca de 1km da embocadura, em frente à cidade da Figueira da Foz. Esta deposição de sedimentos aluvionares (areias e lodos) na zona a jusante do estuário, levou à formação da Ilha da Morraceira, com cerca de 600 hectares e que individualiza dois braços do rio. Esta lha compreende extensões apreciáveis de sapais, caniçais, juncais e salinas e aquaculturas ou pisciculturas.


Fig. 1 – Esboço da distribuição das áreas de sapal e de salinas no estuário do Mondego, segundo a carta de distribuição de biótipos de Marques et al.,1984.

A exploração de Sal no Estuário do Mondego foi uma das principais actividades económicas da Figueira da Foz. A tipologia das salinas e a tecnologia de produção assumem nestas marinhas de sal determinadas especificidades que não se verificam noutras regiões salineiras de Portugal e da Europa, tendo sobrevivido até aos nossos dias uma técnica artesanal, extremamente cuidada e bem adaptada ao meio.

Em meados deste século, o salgado da Figueira da Foz tinha um total de 229 marinhas de sal, distribuídas pela Ilha da Morraceira (141 marinhas numa superfície de 519 hectares), pela margem esquerda do Braço Sul e Ínsua D. José (71 marinhas numa superfície de 249 hectares) e na margem direita do Braço Norte (17 marinhas ocupando cerca de 30 hectares). Regista-se ainda que 86 marinhas eram navegáveis em todas as marés, 63 em meias marés e 60 apenas em marés vivas; havendo ainda 20 marinhas que podiam ser servidas somente por terra.

Fig. 2 – Localização das marinhas de sal (incluindo viveiros) e principais esteiros, tendo em conta o registo cadastral de 1954 (adaptação com base nos dados de L.Lopes, 1955).

Passamos então, de uma situação em que o sal representava a coluna dorsal das actividades do estuário, envolvendo directamente centenas de pessoas – em meados do século, o número de proprietários era de 300 e o de operários de 1.300, sendo 500 homens e mulheres (S. Dionisio, 1945) – para as condições presentes em que se calcula existirem entre 40 a 50 marinhas de sal a funcionarem deficientemente.

A marinha de sal representa, por si só, um extraordinário legado cultural, para além do valor do produto que dela se extrai. A sua organização interna, funcionamento e trabalho específico do marnoto merecem bem o devido aprofundamento da investigação.

A sustentabilidade da zona húmida estuarina tem de passar pela manutenção da activiade da salicultura em marinhas tradicionais que, entre muitas funções positivas, proporciona a existência de locais privilegiados do ponto de vista paisagístico e da biodiversidade, sem impactes ecológicos negativos e até com contributos para a qualidade ambiental. Neste aspecto, destaca-se o papel da renovação da água mareal nos reservatórios protegidos, dando origem a grande número de espécies da macrofauna bentónica que são imprescindíveis para a sobrevivência de muitas outras espécies e constituem importante fonte de recurso para a comunidade local.

Áreas ocupadas: Salinas Activas

Fig. 3– O território do salgado da Figueira da Foz – Salinas Activas (2003).

 

As Salinas Activas, e segundo levantamento de 2003, correspondem a 238ha de área total. Preenchendo em percentagem e para a superfície global actual (1456ha), um valor de 16,3%.

- Nº de salinas = 52 + 22
 

Áreas de abandono: salinas inactivas do salgado

Fig. 4– O território do salgado: Salinas Inactivas (2003).

 

As Salinas Inactivas correspondem a 157ha, existindo 70 ha de salinas aterradas e 87 ha de salinas inundadas
Preenchendo em percentagem e para a superfície global actual (1456ha), um valor de 10,3%.


- Nº de salinas = 44
- Nº Aterradas = 29
- Nº Inundadas = 15
 

Áreas com outra utilização: aquacultura

Fig. 5– O território do salgado: ocupação por aquacultura (2003).

A aquacultura corresponde um território de 340ha, estando definida em vários regimes:

1 - Semi - Intensivo Activo(<1,5Kg/m3) = 51ha,
2 - Parcialmente Activas ou Inactivas = 80ha
3 - Extensivo e/ou Artesanal (<100kg/ha) = 195ha
4 - Desconhecido = 9,6ha
5 + 6 - Estação Experimental do IPIMAR + Maternidade = 4,7ha

Preenchendo em percentagem e para a superfície global actual (1456ha), um valor de 23,4%.

- Nº Total = 49

Fig. 6– O território do Salgado: análise de dados.