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Salinas de Rio Maior


LOCALIZAÇÃO

O concelho de Rio Maior situa-se numa zona de transição onde as influências do Ribatejo e do Litoral se mesclam, dando lugar a um espaço cheio de originalidade. Pertence ao Distrito de Santarém e integra-se no Turismo de Lisboa e Vale do Tejo.

Rio Maior localiza-se a 75 km de Lisboa, 30 km de Santarém e 20 km de Caldas da Rainha. Está no centro do eixo rodoviário da zona Oeste do país dispondo de bons acessos quer para Norte quer para Sul. A zona Norte do concelho integra-se na área protegida do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, da qual também fazem parte as Salinas de Rio Maior. As Salinas situam-se a cerca de 3 km de Rio Maior e encaixam-se num vale tifónico no sopé da Serra dos Candeeiros. Rodeadas de arvoredo e terras de cultivo são consideradas uma maravilha da natureza, uma vez que o mar fica a 30 km. O conjunto apresenta-se como uma minúscula aldeia de ruas de pedra e casas de madeira, junto à qual se destacam uns curiosos tanques de formas e dimensões irregulares, que a partir da Primavera se enchem de água salgada dando origem a alvas pirâmides de sal.

HISTÓRIA e PRODUÇÃO

Embora o documento mais antigo que se refere às salinas date de 1177, pensa-se que o aproveitamento do sal-gema já seria feito desde a Pré-História.

A Serra dos Candeeiros é, dada a sua natureza calcária, possuidora de inúmeras falhas na rocha o que faz com que as águas da chuva não fiquem à superfície, formando cursos de água subterrâneos.

Uma dessas correntes atravessa uma extensa e profunda jazida de sal-gema que alimenta o poço que se encontra no centro das Salinas, e de onde se extrai água sete vezes mais salgada que a do mar.

Esta Jazida de sal-gema ocupa aproximadamente a área da Estremadura Portuguesa, entre Leiria e Torres Vedras, tendo-se formado há milhões de anos, depois do recuo do mar que outrora ocupou a região. Embora inicialmente a água fosse retirada do poço através de duas picotas, o que exigia um esforço enorme dos salineiros, hoje em dia é retirada do poço através de uma moto-bomba e distribuída por oito tanques (concentradores), comunicantes entre si. Os concentradores têm capacidade para 1 milhão de litros de água. Aqui, esta sofre uma primeira evaporação. Depois de concentrada, volta à pia de distribuição que se encontra junto ao poço, sendo depois distribuída pelos talhos através das sete regueiras existentes. O direito à água processa-se em função da proximidade do poço obedecendo a regras que nunca foram escritas e cujas origens se perdem no tempo.A evaporação nos talhos dá-se entre três a seis dias, dependendo muito do calor que se fizer sentir. O sal é rapado com pás (antigamente com rodos de madeira) e posto na eira a secar durante 60 horas. Posteriormente é levado em carro-de-mão ou às costas, em sacas até à máquina que o transporta para a Cooperativa ou para os armazéns dos salineiros particulares. O sal é moído, ou não, conforme a indústria a que se destina. Não levando qualquer tratamento químico, deve a sua pureza à acção do Sol e do Vento e ao trabalho do Salineiro.Num passado recente, a maioria dos produtores de sal eram agricultores que se dedicavam sazonalmente - Maio e Setembro - à produção de sal, sendo os lucros obtidos divididos a meias entre o proprietário do talho e o “marinheiro”. Actualmente uma equipa contratada pela Cooperativa desenvolve a exploração e safra do sal da maioria das salinas.Constituem um museu vivo onde os métodos de exploração pouco evoluíram ao longo dos seus 8 séculos de história, o que confere ao local a singularidade que o caracteriza. No entanto, as exigências da indústria moderna obrigam a um constante progresso e inovação das técnicas utilizadas pelos marinheiros. O desafio consiste na adaptação a uma economia competitiva e na conservação simultânea do tipicismo que distingue este património, que a todo o custo importa preservar. Nesse sentido foi criada em 1979 a Cooperativa dos Produtores de Sal de Rio Maior, para responder às necessidades de aumento de produção e melhorias na sua comercialização. Este Sal puramente biológico é exportado para a Alemanha dada a sua elevada qualidade que se deve à referida ausência de quaisquer aditivos ou tratamentos químicos.

A Flor de Sal

Nos dias mais quentes e sem vento forma-se à superfície como que uma película de cristais de sal muito finos, que é cuidadosamente recolhida e posteriormente seca e que vem a ser a Flor de Sal. Hoje em dia é bastante procurada pelos verdadeiros apreciadores, sendo a sua maior virtude a de realçar o sabor dos alimentos, visto não ter os tratamentos químicos que o vulgar sal de mesa contém.

Queijinhos de Sal

A designação vem-lhes do formato. O sal é moldado com sinchos e depois cozido em forno de lenha. Conservam-se por muito tempo e podem ser utilizados como tempero, para o que basta raspá-los com uma faca.

Casas de Madeira

Antigos armazéns de sal. Hoje, em grande parte, transformadas em casas de comércio uma vez que a maior parte do sal passou a ser guardada nos armazéns da cooperativa. A madeira foi o material escolhido de forma a evitar a corrosão do sal. Os suportes laterais exteriores são troncos de oliveira.

Fechaduras de Madeira

Fechadura e chave das casas de madeira. A chave é o acessório de menores dimensões, que apresenta um orifício na ponta. A chave é colocada com os dentes para cima. Ao pressionar a chave para cima, são puxados os “piqueletes” que soltam a tranca, permitindo a abertura da porta. Não existem duas chaves iguais.

Réguas de Escrita

Estas réguas eram usadas para assentar a despesa feita por cada marinheiro na taberna, montada nas casas de madeira durante a safra. As réguas tinham cerca de 1m ou 1,50 m de comprimento e 0,10 m a 0,15 cm de largura. A escrita era feita em sinais convencionais, cada um representando a bebida fornecida e o preço. O pagamento era feito em sal.

Características gerais das Salinas

Nº. de talhos
470
Dim. Média/talho
35 a 50m2
Área total
27.000m2 (5.000 m2 de concentradores)
Poço
8,95m profundidade
 
3,75m diâmetro
1 Litro de Água
220g sal (96% cloreto de sódio)
Produção Anual
2.000 toneladas